Quem ouviu o episódio #4 do Astrologuês Podcast sabe que, se a casa 12 é cega, é por excesso de luz e não o contrário. A clareza ofusca nossos olhos e o Sol queima a nossa retina. O reconhecimento do que há ali não ocorre da noite para o dia e nem é da ordem do que, a princípio, reconhecemos em nós. Primeiro porque é casa que não faz aspecto com o Ascendente. Segundo que é casa que oferece júbilo a Saturno e Saturno é o outro nome do Tempo. O João sempre diz que a 12 é onde formulamos a 1, ou seja, nós mesmos. Fixei em mim que é onde gestamos a casa 1. Como eu tenho a 12 em Câncer suponho que a palavra seja mais adequada pro meu caso do que pra tantos outros. De acordo com a Clelia Romano, baseada em palestras Robert Schmidt, a 12 é onde escolhemos a vida a ser vivida, uma casa cheia de atividade e planejamento. Pois bem. Ainda temos que a casa 12 é a casa dos maus espíritos, da prisão e da loucura. Isso tudo parece querer dizer que os lapsos de insanidade apresentam, ao mesmo tempo, e talvez na mesma medida, lapsos tão grandes quanto de sanidade. Não à toa o Lima Barreto é tido como visionário. É percepção demais pra se ir com sede ao pote. No meu caso, ainda, pesa o caso do Caranguejo, bicho extremamente fotossensível. A loucura, assim como a fome, a prisão as mais fortes privações que conhecemos, nos desprove de firulas, coloca rei e escravo iguais. O surto nos expõe mais do que a nudez. Os assuntos de casa 12, feito Saturno, nos revira do avesso feito bordado de ponto cruz. Ali, além de muita exposição e sofrimento, existe raro e valioso reconhecimento dos nós que nos compõem.